O projeto "Pequena África: Memória Continental", liderado pela arquiteta americana Sara Zewde, foi o grande vencedor do Concurso BNDES Pequena África, realizado para promover a requalificação urbana do histórico distrito da Zona Portuária do Rio de Janeiro. A cerimônia de premiação ocorreu recentemente, destacando a importância do projeto para a revitalização da área, reconhecida como Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO.
A proposta de Zewde se concentra no sítio arqueológico do Cais do Valongo, que foi o principal porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas. O projeto inclui a criação de uma rampa ampla que conecta o Cais a áreas adjacentes, como a Praça da Harmonia e a Rua Sacadura Cabral, buscando integrar a memória histórica ao convívio contemporâneo. A arquiteta enfatizou que o local é um monumento em si, representando uma janela para a história mundial.
Além de elementos arquitetônicos, o projeto propõe a instalação de espelhos d'água e vegetação típica africana, como dendezeiros, para criar um ambiente de reflexão e solenidade. A ideia é que os visitantes possam vivenciar uma "procissão silenciosa" que remete ao passado, ao mesmo tempo em que proporciona um espaço de convivência no presente. A proposta será apresentada ao Comitê Gestor do Cais do Valongo para aprovação e implementação das mudanças.
Sara Zewde destacou a importância de repensar a memória no espaço, utilizando referências da cosmologia afro-brasileira. O projeto visa não apenas a requalificação urbana, mas também a valorização das tradições e da história da diáspora africana no Brasil, promovendo um microclima mais fresco e agradável na região, que é frequentemente marcada pelo calor.