ALTAMIRA – No coração da Amazônia, a região do Xingu, no Pará, se destaca como um polo inovador na produção de chocolate sustentável, enquanto grandes corporações enfrentam crises de abastecimento. Produtores familiares, como José Renato e Verônica, da Kakao Blumenn, e Robson Brogni, da Ascurra Chocolate, estão implementando práticas que aliam tradição e inovação, criando um modelo que pode servir de exemplo para a indústria global.
Com 75,86% da produção de cacau do Pará e mais da metade da produção nacional, o Xingu se tornou um laboratório de práticas sustentáveis. Em 2024, a produtividade média na região alcançou 946 kg por hectare, quase quatro vezes superior à da Bahia, com mais de 60% dos produtores utilizando sistemas agroflorestais. Essa abordagem não apenas melhora a qualidade do solo, mas também diversifica a renda dos agricultores.
O modelo “tree to bar”, adotado por muitos na região, permite controle total sobre o processo produtivo, desde o cultivo até a comercialização. Marcas como Chocolate Cacau Xingu, que utiliza cacau orgânico, exemplificam essa nova geração de produtos que prioriza qualidade e sustentabilidade. A Kakao Blumenn, por exemplo, é reconhecida por produzir a terceira melhor amêndoa do Brasil, com uma colheita seletiva que respeita o meio ambiente.
A qualidade dos produtos do Xingu foi reconhecida com o Selo Nacional da Agricultura Familiar em 2024, atestando que atendem aos padrões de sustentabilidade e qualidade. Além disso, a Ascurra Chocolate conquistou prêmios em 2025, incluindo o primeiro lugar nas categorias Inovação e Ao Leite, evidenciando que a agricultura familiar pode competir em qualidade no cenário global. O festival Chocolat Xingu, que reúne mais de 220 expositores anualmente, celebra essa diversidade e a excelência da produção local.