O número de artigos científicos publicados por pesquisadores dos países do Brics aumentou mais de 10 vezes entre 2000 e 2024, segundo dados do professor Odir Dellagostin, da Universidade Federal de Pelotas. Em 2024, o Brasil contribuiu com menos de 100 mil dos mais de 2 milhões de artigos produzidos pelo grupo, apesar de um crescimento contínuo até 2021, que coincidiu com a expansão da pós-graduação no país.
No entanto, a produção científica brasileira enfrentou uma queda de 10,1% entre 2021 e 2024, em contraste com o crescimento significativo de países como Emirados Árabes (60%) e Índia (41%). Em 2024, o Brasil registrou uma leve recuperação, com cerca de 4 mil artigos a mais e quase 600 novos mestres e doutores, mas Dellagostin alerta que o país pode estar "perdendo o bonde" do avanço científico no bloco.
O professor atribui a desaceleração à falta de financiamento e ao impacto negativo da pandemia, que resultou no fechamento de laboratórios e desmotivação entre os pesquisadores. Ele destaca que a absorção de doutores no mercado de trabalho tem sido baixa, o que afeta a produção científica e a motivação dos profissionais.
Além disso, os dados revelam que o Brasil mantém poucas parcerias científicas com outros países do Brics, priorizando colaborações com os Estados Unidos e a Europa. Dellagostin defende uma mudança de foco, ressaltando a necessidade de fortalecer laços com nações asiáticas, que estão se destacando na produção de artigos científicos.