A Polícia Federal (PF) revelou a descoberta de repasses que totalizam R$ 91,6 milhões em recursos públicos federais destinados a municípios do Ceará, que teriam sido desviados para um grupo de empresas fantasmas supostamente criadas pelo prefeito Carlos Alberto Queiroz, conhecido como 'Bebeto do Choró'. O prefeito é apontado como braço direito do deputado Júnior Mano (PSB-CE) em um esquema de desvio de emendas parlamentares. Bebeto está foragido da Justiça há mais de seis meses, e a PF busca contato com ele.
A investigação, que faz parte da Operação Underhand, aponta que empresas de fachada ligadas a Bebeto movimentaram R$ 455 milhões entre 2023 e 2025, sendo que cerca de 20% desse montante tem origem comprovada em verbas da União. O deputado Júnior Mano é o principal alvo do inquérito, que é relatado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. A PF identificou que Mano destinou pelo menos R$ 120 milhões para prefeituras do sertão cearense, incluindo Choró, onde Bebeto foi eleito prefeito em 2020.
A operação também revelou que Bebeto e Júnior Mano teriam planejado dominar politicamente a região após as eleições municipais, utilizando práticas ilícitas como compra de votos e intimidações. A PF já havia investigado Bebeto em outra operação, a Camisa Sete, e descobriu que um sócio de suas empresas, Maurício Gomes Coelho, um vigia de 37 anos, teria sido utilizado como laranja, recebendo um salário mensal de R$ 2,4 mil enquanto sua empresa, MK Serviços em Construção e Transporte Escolar Ltda, firmou contratos de quase R$ 320 milhões com administrações municipais.
O ministro Gilmar Mendes, ao decretar o confisco de R$ 54 milhões de Júnior Mano, Bebeto e outros envolvidos, destacou que os investigados utilizam contas bancárias próprias e de terceiros, incluindo familiares e assessores, para simular recebimentos de recursos públicos. A PF continua a investigação para desmantelar o esquema de corrupção que afeta a administração pública no Ceará.