Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema criminoso que desviou quase R$ 40 milhões do programa Farmácia Popular, utilizando farmácias de fachada em diversas regiões do Brasil. O grupo, que também está ligado ao tráfico de drogas, operava com documentos falsos e CPFs de pessoas inocentes, além de comprar e vender CNPJs por meio de laranjas. As fraudes começaram a ser descobertas após a apreensão de 191 quilos de drogas em Luziânia (GO), levando a investigações que se estenderam a estados como Goiás, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Em Águas Lindas (GO), moradores ficaram surpresos ao descobrir que duas farmácias inexistentes teriam recebido juntas cerca de R$ 500 mil do programa. A PF identificou Clayton Soares da Silva, proprietário de farmácias no Rio Grande do Sul e em Pernambuco, como um dos principais envolvidos, que foi preso em flagrante junto a um caminhoneiro que transportava drogas. Documentos encontrados em seu celular revelaram a estrutura do esquema.
Fernando Batista da Silva, conhecido como “Fernando Piolho”, foi apontado como o líder da organização. Ele utilizava o nome da filha para abrir empresas e movimentar dinheiro sem levantar suspeitas, sendo vinculado a membros do Comando Vermelho e a organizações criminosas peruanas. A PF destacou que a fraude no Farmácia Popular permitiu que o grupo lavasse dinheiro e investisse no tráfico de drogas, com farmácias registradas em endereços inexistentes.
O programa Farmácia Popular, que oferece medicamentos a preços reduzidos, tem sido alvo de fraudes, com cerca de 140 mil tentativas de autorizações irregulares sendo combatidas diariamente. Vítimas, como um dentista de Sumaré (SP), relataram que seus CPFs foram utilizados para retirar medicamentos que nunca precisaram. A PF continua as investigações para desmantelar completamente a organização criminosa.