Mais de sete meses após a queda da ponte Juscelino Kubitschek, que resultou na morte de 14 pessoas e deixou três desaparecidas, a Polícia Federal finalizou a perícia sobre o incidente ocorrido em 22 de dezembro de 2024, na BR-010, entre os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO). O laudo, obtido com exclusividade pelo Fantástico, detalha as causas do colapso da estrutura, que era um importante elo entre o Norte e o Centro-Sul do Brasil.
A investigação revelou que a queda da ponte foi provocada pela deformação do vão central, resultado do excesso de peso dos veículos que transitavam no momento do desabamento. Os peritos utilizaram tecnologias avançadas, como drones e modelagem 3D, para reconstruir a cena do acidente. O perito Bruno Salgado explicou que o colapso ocorreu rapidamente, com o vão central caindo em menos de um segundo, após um processo que durou entre 15 e 30 segundos.
Construída na década de 1960, a ponte não recebeu as devidas manutenções ao longo dos anos, e a última grande reforma ocorreu entre 1998 e 2000. Relatórios técnicos anteriores já haviam alertado sobre problemas estruturais, mas as reformas necessárias não foram realizadas. O delegado Allan Reis afirmou que há indícios de crime, apontando a omissão de agentes públicos na manutenção da obra. O DNIT, responsável pela estrutura, informou que os trabalhos de apuração foram finalizados e estão sob análise da corregedoria do departamento, enquanto o superintendente regional foi exonerado em abril.
A tragédia levanta questões sobre a responsabilidade na manutenção de infraestruturas essenciais e a segurança dos usuários das rodovias brasileiras. A Polícia Federal agora se prepara para ouvir os responsáveis pelo planejamento de recuperação da ponte, buscando entender as razões que levaram à falta de ação diante dos alertas sobre a precariedade da estrutura.