Pesquisadores do Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) identificaram a presença de poeira do deserto do Saara na região amazônica, com partículas que percorreram mais de 5 mil quilômetros, transportadas por ventos. Os dados foram coletados entre janeiro e março de 2023, mas divulgados apenas agora.
A torre de 325 metros, equipada com sensores que monitoram a composição do ar continuamente, registrou três episódios de concentração de partículas (PM2.5) que atingiram até 20 μg/m³, comparados à média de 4 μg/m³ durante a estação chuvosa. Os eventos ocorreram entre 13 e 18 de janeiro, 31 de janeiro e 3 de fevereiro, e 26 de fevereiro e 3 de março.
O fenômeno ocorre quando a poeira, que viaja entre 2 km e 5 km de altitude, é levada por ventos fortes e secos do Saara e cruza o Atlântico, especialmente durante o verão do hemisfério sul, quando a Zona de Convergência Intertropical se desloca para o sul. O transporte das partículas pode levar de 7 a 14 dias, dependendo da velocidade dos ventos.
Os cientistas ainda estão investigando os impactos diretos desse fenômeno, mas já se sabe que a poeira influencia a fertilidade do solo e a formação de nuvens na região amazônica.