O procurador-geral da República, Paulo Gonet, declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou de maneira inadequada e distorcida informações de um inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre o ataque hacker à base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018. A afirmação foi feita nas alegações finais da PGR no processo relacionado à trama golpista, atualmente em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Gonet destacou que, apesar do vazamento ser objeto de um inquérito específico que se encontra paralisado no STF, sua manifestação representa uma nova postura da PGR, que pode reabrir discussões sobre a responsabilização de Bolsonaro por violação de sigilo funcional. A Polícia Federal já havia apontado essa possibilidade em 2022.
O procurador também ressaltou que o inquérito em questão não tinha como objetivo a verificação da integridade das urnas eletrônicas, refutando a narrativa de Bolsonaro que, durante uma transmissão em 2021, divulgou informações da investigação. O TSE, em resposta, enviou uma notícia-crime ao STF, que acatou o pedido e abriu o inquérito, embora o caso tenha permanecido sem avanços significativos nos últimos dois anos.
A nova posição da PGR, ao criticar a divulgação do inquérito, sugere uma disposição para retomar a investigação, o que poderá influenciar a avaliação do STF sobre a continuidade do caso, que havia sido desmobilizado sob a gestão anterior de Augusto Aras.