A Polícia Federal (PF) identificou repasses de R$ 91,6 milhões em recursos públicos federais que foram desviados para empresas fantasmas ligadas ao prefeito Carlos Alberto Queiroz, conhecido como 'Bebeto do Choró'. A investigação, que faz parte da Operação Underhand, apura um suposto esquema de desvio de emendas parlamentares que envolve o deputado Júnior Mano (PSB-CE), apontado como mentor do esquema. Bebeto, que está foragido há mais de seis meses, é considerado um dos principais envolvidos na operação.
De acordo com a PF, o cruzamento de dados bancários revelou que empresas de fachada ligadas a Bebeto movimentaram R$ 455 milhões entre 2023 e 2025, sendo que cerca de 20% desse montante tem origem em verbas da União destinadas a municípios cearenses. A operação investiga o desvio de emendas que totalizam pelo menos R$ 120 milhões, destinadas a prefeituras do sertão do Ceará, incluindo Choró, onde Bebeto foi eleito prefeito em outubro do ano passado.
As investigações também revelaram que Bebeto teria utilizado uma rede de empresas controladas por ele para implementar um esquema de compra de votos e intimidações durante a campanha eleitoral. Um dos sócios de uma das empresas investigadas é Maurício Gomes Coelho, um vigia que, segundo a PF, seria um laranja no esquema, recebendo um salário mensal de R$ 2,4 mil enquanto sua empresa, a MK Serviços, foi contratada por diversas administrações municipais em contratos que somam quase R$ 320 milhões.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, destacou a gravidade das ações dos investigados ao decretar o confisco de R$ 54 milhões de Júnior Mano e Bebeto. A PF continua a busca por evidências que comprovem a utilização de contas bancárias para dissimular a origem ilícita dos valores envolvidos no esquema.