Uma investigação da Polícia Federal (PF) revelou que uma organização criminosa utilizou farmácias de fachada em diversos estados do Brasil para desviar quase R$ 40 milhões do programa Farmácia Popular. A fraude, que envolveu o uso de documentos de pessoas inocentes e empresas fictícias, tinha como objetivo lavar dinheiro e financiar o tráfico de cocaína em países como Bolívia e Peru. O caso foi divulgado no programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (20).
A apuração teve início após a apreensão de 191 quilos de drogas em Luziânia (GO), que levou à prisão de um caminhoneiro e de Clayton Soares da Silva, empresário com farmácias no Rio Grande do Sul e Pernambuco. A análise do celular de Clayton revelou a estrutura do esquema, que culminou na identificação de Fernando Batista da Silva, conhecido como "Fernando Piolho", apontado como líder da organização criminosa.
A PF descobriu que o grupo tinha ligações com o Comando Vermelho e realizava repasses a pessoas em áreas próximas à fronteira com o Peru e a Bolívia. Entre os beneficiários, estava a esposa de um membro do Clã Cisneros, uma organização criminosa peruana. A investigação revelou que cerca de 160 mil CPFs foram utilizados no esquema, envolvendo 148 farmácias, reais ou fictícias. O superintendente da PF no Distrito Federal, José Roberto Peres, destacou que o programa Farmácia Popular foi usado para a lavagem de recursos e para financiar o tráfico de drogas.
O diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Rafael Bruxellas Parra, informou que cerca de 140 mil tentativas de fraudes no Farmácia Popular são combatidas diariamente. As investigações prosseguem para identificar todos os envolvidos e rastrear os recursos desviados.