Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) anunciou a descoberta de quatro novas espécies de fungos visíveis a olho nu durante uma expedição científica na Antártica. O estudo, que durou mais de dois anos, envolveu coletas em campo na Ilha Livingston e análises laboratoriais no Brasil, resultando na publicação dos achados na revista internacional Mycological Progress.
Os fungos pertencem ao gênero Omphalina e foram nomeados como Omphalina deschampsiana, Omphalina ichayoi, Omphalina frigida e Omphalina schaeferie. Essas espécies se destacam pela capacidade de sobreviver em um solo pobre, exposto a condições extremas de frio e radiação, além de estarem associadas a gramíneas antárticas, o que indica adaptações especiais a esse ambiente hostil.
Fernando Bertazzo da Silva, doutor em Ciências Biológicas e autor principal do estudo, enfatiza a importância de entender o papel ecológico desses fungos, que são essenciais na decomposição da matéria orgânica e no equilíbrio do ecossistema antártico. Ele ressalta que o conhecimento sobre a biodiversidade polar é crucial para compreender os impactos das mudanças climáticas, que afetam não apenas a Antártica, mas também o Brasil.
A expedição, que durou cerca de 30 dias, foi marcada por desafios como ventos fortes e chuvas que danificaram o acampamento. Os pesquisadores transportaram o material coletado em mochilas por trilhas geladas, e a confirmação das novas espécies levou cerca de dois anos. Além da relevância ecológica, os pesquisadores veem potencial biotecnológico nas novas espécies, que podem produzir compostos com aplicações na medicina e na indústria.