O etnobotânico Hemerson Dantas dos Santos Pataxó Hã-Hã-Hãi, doutorando da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), iniciou uma pesquisa para identificar tratamentos para verminoses, diabetes e hipertensão entre seu povo, na Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, na Bahia. A investigação resultou na catalogação de 175 plantas medicinais utilizadas pela comunidade, revelando a importância de resgatar saberes ancestrais que se perderam ao longo do tempo.
Durante o estudo, Hemerson constatou que muitas das plantas medicinais são espécies exóticas, introduzidas após a ocupação das terras por fazendeiros, o que reflete a fragmentação e o deslocamento forçado da população indígena. A Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, com 54.105 hectares, passou por diversas invasões desde a década de 1940, quando a cultura cacaueira levou à expulsão de muitos indígenas de suas terras.
A pesquisa revelou 43 plantas específicas para o tratamento das enfermidades mencionadas, destacando o uso do mastruz para verminoses, moringa para diabetes e capim-cidreira para hipertensão. Além disso, 79% das plantas catalogadas estão em conformidade com a literatura científica atual, evidenciando a relevância do conhecimento tradicional. Eliana Rodrigues, orientadora de Hemerson, ressaltou que o trabalho não apenas documenta, mas também resgata saberes que ainda persistem na cultura Pataxó.