O etnobotânico Hemerson Dantas dos Santos Pataxó Hã-Hã-Hãi, doutorando da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), iniciou uma pesquisa para encontrar tratamentos para as principais enfermidades que afetam o povo Pataxó Hã-Hã-Hãi, na Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, na Bahia. As condições estudadas incluem verminoses, diabetes e hipertensão, com o objetivo de resgatar conhecimentos ancestrais sobre o uso de plantas medicinais.
Durante sua investigação, Hemerson catalogou 175 espécies de plantas utilizadas por sua comunidade, revelando que muitas delas são exóticas, introduzidas após a fragmentação e deslocamento forçado da população indígena. A pesquisa destaca a devastação ambiental e a luta contínua contra a grilagem de terras, que impactaram negativamente a biodiversidade local e o acesso a recursos tradicionais.
A Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, com 54.105 hectares, passou por uma história conturbada, marcada por invasões e conflitos ao longo das décadas. Hemerson e sua orientadora, Eliana Rodrigues, enfatizam a importância do resgate desse conhecimento ancestral, que ainda persiste entre os mais velhos da comunidade, apesar das perdas significativas na flora local. O estudo identificou 43 plantas específicas para o tratamento das enfermidades mencionadas, com destaque para o mastruz, a moringa e o capim-cidreira.
Eliana Rodrigues ressalta que o trabalho de Hemerson não apenas documenta o conhecimento tradicional, mas também contribui para sua preservação. A pesquisa é um marco, pois Hemerson é considerado o primeiro pesquisador etnobotânico indígena do mundo, unindo sua herança cultural à ciência contemporânea.