Uma nova pesquisa publicada na última quarta-feira (23) na revista The Lancet Public Health questiona a popular meta de 10 mil passos diários, que se tornou um símbolo de um estilo de vida ativo. O estudo, que analisou dados de mais de 160 mil adultos, concluiu que caminhar cerca de 7 mil passos por dia pode reduzir a taxa de mortalidade em quase 50% em comparação com aqueles que andam apenas 2 mil passos.
A meta dos 10 mil passos, originada de uma campanha de marketing da fabricante de pedômetros Yamasa durante os Jogos Olímpicos de Tóquio em 1964, se espalhou globalmente com o advento de dispositivos de rastreamento de atividades. Segundo a professora Ding Ding, da Universidade de Sydney e principal autora do estudo, embora a meta tenha trazido benefícios à saúde pública, ela não possui base científica sólida.
Os resultados do estudo mostraram que caminhar 7 mil passos reduz significativamente o risco de morte, além de diminuir as chances de desenvolver doenças como câncer, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Para aqueles que atingem a meta de 10 mil passos, a redução no risco de mortalidade é de 48%, mas os ganhos adicionais em saúde começam a diminuir após os 7 mil passos, conforme ressaltou Ding.
Especialistas, como Daniel Bailey da Universidade Brunel, afirmam que a pesquisa ajuda a desmistificar a ideia de que 10 mil passos são essenciais para a saúde ideal, sugerindo que uma meta entre 5 mil e 7 mil passos pode ser mais realista e ainda eficaz para a maioria da população. O estudo também revelou que caminhar cerca de 12 mil passos por dia pode levar a uma redução de 55% na mortalidade geral, confirmando que a promoção da atividade física, mesmo sem base científica, teve um impacto positivo na saúde pública.