Uma pesquisa etnográfica realizada no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) expõe os desafios diários enfrentados por pessoas transgênero e travestis em Belém. O estudo, conduzido pelo doutorando Gleidson Gomes, intitulado "Olhares da/na ci(s)dade: transexualidades/travestilidades, raça e práticas nos espaços citadinos de Belém 'em plena luz do dia'", revela a presença de olhares discriminatórios que impactam a vivência dessas populações na cidade.
A pesquisa foi inspirada pela fala de Rafael Carmo, um homem trans negro, durante uma mesa de debates, que despertou o interesse de Gleidson pela temática da transexualidade e travestilidade. A partir dessa interação, o pesquisador entrevistou diversas pessoas trans e acompanhou suas rotinas, utilizando a etnografia como metodologia para observar as interações sociais cotidianas e a relação dessas pessoas com o espaço urbano.
Gleidson Gomes destaca que a etnografia permite uma análise profunda das micro relações sociais, revelando como o cotidiano e os olhares de julgamento afetam a experiência de pessoas trans e travestis. Segundo o pesquisador, esses olhares, muitas vezes carregados de estranhamento e preconceito, contribuem para a sensação de insegurança e não pertencimento, evidenciando a complexidade das relações de gênero na cidade de Belém.