As maiores facções criminosas brasileiras, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), estão utilizando fintechs, plataformas de apostas online e criptoativos para lavar dinheiro e expandir seus impérios financeiros, segundo estudo divulgado na quarta-feira (25/06/2025) pelo grupo Esfera em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Intitulado “Lavagem de Dinheiro e Enfrentamento ao Crime Organizado no Brasil: Reflexões sobre o Coaf em Perspectiva Comparada”, o levantamento detalha como essas organizações criminosas se aproveitam da baixa regulamentação e fiscalização nesses setores para criar mecanismos sofisticados de ocultação de patrimônio e movimentação de grandes somas de dinheiro sem levantar suspeitas das autoridades. A pesquisa contou com a presença de autoridades como ministros do Supremo Tribunal Federal e Tribunal de Contas da União, além de representantes do Ministério Público e da Polícia Federal, demonstrando a gravidade da situação.
A escolha por fintechs, plataformas de apostas e criptomoedas se deve à relativa facilidade de operar nessas áreas com menor risco de detecção. O estudo aponta que as facções utilizam diversas estratégias, incluindo a criação de empresas de fachada, o uso de laranjas e a fragmentação de transações para dificultar o rastreamento do dinheiro. A complexidade das operações exige um esforço conjunto de órgãos de inteligência financeira e de segurança pública para desmantelar essas redes criminosas. A investigação destaca a necessidade de maior transparência e regulamentação no setor de fintechs e plataformas de apostas, bem como o aprimoramento das técnicas de investigação para combater o uso de criptomoedas em atividades ilícitas. A ausência de uma fiscalização mais robusta permite que o crime organizado opere com relativa impunidade, aumentando a necessidade de uma ação mais efetiva por parte do poder público.
A falta de regulamentação eficaz e a sofisticação das técnicas de lavagem de dinheiro empregadas pelas facções criminosas representam um desafio significativo para as autoridades brasileiras. O estudo recomenda a implementação de medidas mais rigorosas de controle e monitoramento, incluindo a cooperação internacional para rastrear fluxos financeiros em escala global. A projeção é que, sem ações contundentes, o crime organizado continuará a se beneficiar da fragilidade regulatória e tecnológica, utilizando novas ferramentas e plataformas para expandir suas operações ilegais. A intensificação da fiscalização, aliada à capacitação de agentes de segurança pública e à cooperação internacional, se mostra crucial para combater esse problema e proteger a economia brasileira dos impactos negativos da lavagem de dinheiro proveniente do crime organizado. A longo prazo, a implementação de mecanismos de inteligência artificial para detectar padrões suspeitos poderá auxiliar na prevenção e na investigação de crimes financeiros.