O estado do Pará, um dos principais exportadores de carne bovina do Brasil, pode enfrentar sérias dificuldades a partir de 1º de agosto, caso a tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entre em vigor. O zootecnista Guilherme Minssen, membro do conselho fiscal da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), alerta que a medida pode impactar não apenas o setor agropecuário, mas toda a economia brasileira.
Nesta semana, o Governo do Estado e o Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems) suspenderam a produção de carne destinada aos EUA para evitar o acúmulo de estoques. Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne do Mato Grosso do Sul, e a possível interrupção das compras pode gerar um excedente no mercado interno, pressionando os preços para baixo, conforme explica a economista Lygia Pimentel.
Embora a medida possa resultar em perdas imediatas, especialistas acreditam que a carne brasileira poderá se tornar mais competitiva em relação a países como Uruguai e Argentina, que têm preços mais altos. A pressão sobre o valor do boi gordo pode beneficiar os frigoríficos, que teriam margem maior ao pagar menos pela arroba. Contudo, a redução dos preços para o consumidor final pode não ser imediata, dependendo da reação do varejo.
Apesar do impacto negativo nas exportações para os EUA, a China continua sendo o principal parceiro comercial do Brasil no setor, com compras de 1,33 milhão de toneladas de carne bovina em 2024, movimentando US$ 6 bilhões. Especialistas acreditam que o fortalecimento de mercados consolidados, como o chinês, pode ajudar a reequilibrar a balança comercial da proteína.