A Oxford University Press (OUP), editora da Universidade de Oxford, anunciou na quarta-feira (16) que não continuará a publicação da revista Forensic Sciences Research (FSR), uma trimestral da Academia de Ciências Forenses da China, patrocinada pelo Ministério da Justiça chinês. A decisão, que se estenderá até o final de 2025, ocorre em meio a crescentes críticas sobre a ética de estudos publicados na revista.
As controvérsias surgiram após a divulgação de pesquisas que analisavam dados genéticos de uigures e outras minorias étnicas sob vigilância na China. Questionamentos foram levantados sobre a obtenção do consentimento dos participantes para o uso de suas amostras de DNA. Um estudo de 2020, que envolveu amostras de sangue de 264 uigures em Ürümqi, capital da região de Xinjiang, foi especialmente criticado, uma vez que o autor principal estava vinculado ao aparato de segurança estatal chinês.
Em 2024, a OUP emitiu uma “expressão de preocupação” sobre o referido estudo, questionando a liberdade dos uigures em recusar a participação em pesquisas conduzidas por representantes da segurança estatal. Entre 2016 e 2018, cerca de 1 milhão de uigures foram detidos em centros de “treinamento vocacional”, e a ONU indicou que as políticas da China em Xinjiang podem constituir crimes contra a humanidade, com relatos de coleta de amostras de DNA sob o pretexto de exames de saúde.