A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) aprovou, durante sua cúpula em Haia, na Holanda, no dia 25 de junho de 2025, uma nova meta de investimento em defesa que prevê alocação de 5% do PIB dos países membros até 2035. A proposta divide-se em 3,5% para despesas diretas e 1,5% para áreas correlatas, como cibersegurança e inovação tecnológica, superando o padrão anterior de 2%, que já apresentava dificuldades de cumprimento por diversas nações da aliança.
Especialistas apontam que a decisão é uma resposta à intensificação das ameaças geopolíticas, especialmente em decorrência do conflito entre Rússia e Ucrânia. O economista André Mirsky alerta que o aumento dos gastos pode impactar pilares do modelo de bem-estar social europeu, como previdência e saúde, em um contexto de baixo crescimento econômico e altos níveis de endividamento público.
Em 2024, a OTAN gastou coletivamente cerca de US$ 1,5 trilhão, equivalente a 2,7% do PIB dos países membros, com os países europeus aumentando seus aportes em média 22% desde o início da guerra na Ucrânia. No entanto, a nova meta de 5% é considerada desafiadora, com o cientista político Maurício Santoro afirmando que muitos países da aliança podem não conseguir atingi-la sem comprometer a estabilidade econômica.
Os Estados Unidos, que representam cerca de dois terços dos gastos da OTAN, precisariam elevar seu orçamento para US$ 1,5 trilhão até 2035, enquanto países como Alemanha, Itália e França enfrentam sérios desafios fiscais. A proposta, que busca pressionar os países europeus a assumirem maior responsabilidade na aliança, levanta preocupações sobre a viabilidade econômica e as possíveis consequências sociais de um aumento tão significativo nos gastos militares.