Na terça-feira (15), a Polícia Civil de São Paulo realizou uma operação no Jardim Itatinga, em Campinas, desarticulando uma quadrilha que extorquia vítimas utilizando garotas de programa. O Jardim Itatinga é conhecido como uma das maiores áreas de prostituição da América Latina e foi projetado durante a ditadura militar para isolar essas profissionais do restante da cidade.
Atualmente, o bairro abriga 117 estabelecimentos e cerca de 1,7 mil trabalhadores do sexo, funcionando 24 horas por dia, conforme dados da Associação Mulheres Guerreiras. A operação policial é parte de um esforço maior para combater a extorsão e o crime organizado na região, que movimentou aproximadamente R$ 1,2 milhão.
A arquiteta e urbanista Diana Helene, que estudou o bairro, destaca que o Jardim Itatinga é único no Brasil por ter sido criado exclusivamente para a prostituição, permitindo que as profissionais exerçam suas atividades sem estigmas sociais. Apesar da presença de boates e serviços sexuais, o bairro também abriga residências e serviços comunitários, como centros de saúde e escolas.
A pesquisadora Carolina Bonomi afirma que, apesar do crescimento do mercado sexual online, o Jardim Itatinga não deve desaparecer, pois muitas profissionais estão integrando suas atividades presenciais com a venda de conteúdo na internet, adaptando-se às novas realidades do setor.