Cerca de 800 pessoas perderam a vida na Faixa de Gaza desde o fim de maio enquanto tentavam obter ajuda humanitária, segundo informações divulgadas pela ONU nesta sexta-feira (11). Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, destacou que a maioria dos ferimentos foi causada por disparos de armas de fogo, com 615 das mortes ocorrendo nas proximidades de postos da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que começou a distribuir alimentos após um bloqueio de mais de dois meses imposto por Israel.
As operações da GHF, iniciadas em 27 de maio, resultaram em cenas caóticas, levando o Exército israelense a abrir fogo em várias ocasiões para controlar a multidão de palestinos em busca de assistência. O exército afirmou que tem trabalhado para minimizar conflitos entre civis e soldados e que realizou análises dos incidentes. Entretanto, a ONU e outras organizações humanitárias se recusam a colaborar com a GHF, alegando que a fundação atende a objetivos militares israelenses e infringe princípios humanitários.
Em meio a essa crise, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que espera um acordo de trégua com o Hamas em poucos dias, enquanto as negociações em Doha prosseguem. Netanyahu mencionou a possibilidade de um cessar-fogo de 60 dias, condicionado à desmilitarização do Hamas e à retirada das forças israelenses de Gaza. O Hamas, por sua vez, exige garantias sobre a natureza permanente do cessar-fogo e o retorno de organizações internacionais para a gestão da ajuda humanitária.
A situação em Gaza continua a ser crítica, com o Exército israelense realizando ataques que resultaram em mais mortes, incluindo 30 nesta sexta-feira, de acordo com a Defesa Civil local. As dificuldades de acesso à informação na região complicam a verificação independente dos dados apresentados por diferentes partes envolvidas no conflito.