O comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, Fernando Lottenberg, qualificou como "um equívoco" a decisão do governo brasileiro de se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), da qual o Brasil era membro observador desde 2021. Lottenberg destacou que a definição de antissemitismo da IHRA é um importante instrumento adotado por mais de 45 países e 2 mil instituições para combater essa forma de discriminação.
A saída do Brasil da aliança ocorre em um contexto de tensões diplomáticas entre Brasília e Tel Aviv, exacerbadas pelo conflito entre Israel e Hamas. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado publicamente as ações israelenses no conflito, enquanto autoridades de Israel acusam o Brasil de adotar uma postura favorável ao Hamas. A crise bilateral atingiu seu ápice em fevereiro de 2024, quando Lula comparou a ofensiva israelense em Gaza ao Holocausto, levando Israel a declarar o presidente brasileiro como persona non grata.
Além disso, a chancelaria israelense mencionou a saída do Brasil da IHRA ao criticar o apoio do país a uma ação judicial da África do Sul na Corte Internacional de Justiça, que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza. Embora o Itamaraty não tenha formalizado apoio à ação, a embaixada israelense foi informada sobre a posição brasileira. Lottenberg enfatizou que, apesar das discordâncias diplomáticas, a participação do Brasil em organismos internacionais voltados à memória do Holocausto é crucial para a promoção da paz e da educação, especialmente considerando a significativa comunidade judaica no país.