Um estudo clínico internacional, publicado no The New England Journal of Medicine, avaliou a eficácia do Sotatercept, um novo medicamento destinado a pacientes com hipertensão arterial pulmonar (HAP), uma condição rara e grave que compromete os vasos sanguíneos dos pulmões. A pesquisa, que envolveu pacientes em estágios avançados da doença, demonstrou que o fármaco pode reduzir em 76% a probabilidade de hospitalização, transplante ou morte em indivíduos com alto risco de complicações.
O professor Rogério de Souza, titular de Pneumologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), destacou que, ao longo das últimas duas décadas, diversos tratamentos foram desenvolvidos para a HAP, mas este estudo se diferencia por focar em pacientes com risco elevado. A hipertensão arterial pulmonar afeta principalmente mulheres entre 40 e 50 anos e, se não tratada, pode levar a uma sobrevida inferior à de muitos tipos de câncer, causando sintomas debilitantes como fadiga extrema e falta de ar.
A nova medicação já recebeu aprovação do FDA e EMA, e está disponível para milhares de pacientes. No Brasil, o Sotatercept foi registrado na Anvisa no final de 2024, mas ainda não foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento, que consiste em injeções subcutâneas a cada três semanas, é considerado de alto custo, o que levanta preocupações sobre sua acessibilidade para a população.
O professor Souza enfatizou a necessidade de sensibilizar as autoridades de saúde sobre a importância da incorporação do Sotatercept ao SUS, especialmente para pacientes em estado grave. Ele ressaltou que a utilização do medicamento pode evitar a necessidade de transplantes de pulmão, proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes. O Ministério da Saúde informou que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) ainda não recebeu solicitações para avaliação do novo tratamento.