O professor e tradutor Flávio R. Kothe lança 'Cânone Imperial' (Editora Cajuína, 2025), obra que propõe uma revisão crítica de textos clássicos da literatura brasileira. A publicação é uma continuação de 'O Cânone Colonial', lançado em 1997, e busca redescobrir autores esquecidos por questões ideológicas, além de contestar a inclusão de obras em antologias que, segundo Kothe, foram escolhidas por conveniência política e não por mérito artístico.
No primeiro capítulo, Kothe critica figuras consagradas como frei Santa Rita Durão e José de Alencar, que, em suas obras, reforçaram a ideia de que a identidade brasileira estava atrelada a um passado eurocêntrico, excluindo negros e imigrantes. O autor destaca que a narrativa histórica tradicional ignora os povos originários, perpetuando uma visão distorcida do passado do Brasil.
Kothe argumenta que o cânone literário atual favorece obras que não inovam, enquanto textos que poderiam oferecer novas perspectivas são negligenciados. Ele exemplifica com a Inconfidência Mineira, sugerindo que a glorificação de figuras como Tiradentes oculta interesses financeiros que motivaram a revolta, revelando uma complexidade histórica frequentemente ignorada. 'Cânone Imperial' promete instigar debates sobre a literatura e a história brasileira, desafiando preconceitos e conceitos estabelecidos.