O projeto do novo Centro de Treinamento (CT) do Santos Futebol Clube, anunciado para inauguração em 2026, coloca em risco 90 mil metros quadrados de vegetação nativa da Mata Atlântica em Praia Grande, litoral sul de São Paulo. O complexo esportivo, que será financiado pelo empresário Neymar da Silva Santos, pai do jogador Neymar Jr., já enfrenta controvérsias devido a infrações ambientais anteriores do empresário, que foi multado em R$ 16 milhões em 2023 por irregularidades em Mangaratiba, no Rio de Janeiro.
A construção do CT, que inclui três campos de futebol, um estádio para 25 mil pessoas, além de uma rede de hotéis e academia, contraria a lei 11.428 de 2006, que protege o bioma da Mata Atlântica. Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor da ONG SOS Mata Atlântica, a legislação permite a derrubada da vegetação apenas em áreas privadas se houver um interesse social comprovado, o que não se aplica a um empreendimento privado como o planejado.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente da Praia Grande informaram que ainda não receberam pedidos de licenciamento para a construção. Apesar de uma placa no local indicar autorização para exploração da vegetação, a CETESB esclareceu que a atividade se limita a levantamentos topográficos de baixo impacto. A assessoria de Neymar afirmou que não há um projeto formalizado, mesmo após a apresentação do plano ao clube e à imprensa.
O anúncio do CT foi feito em junho, em um evento que contou com a presença do prefeito da Praia Grande, Alberto Mourão, e do presidente do Santos, Marcos Teixeira. Mourão comemorou a iniciativa, mas a assessoria da prefeitura ressaltou que a construção depende de licenciamento ambiental, que ainda não foi iniciado.