A Nasa divulgou, neste mês, uma pesquisa que elucida o mistério da perda de água em Marte, um fenômeno que transformou o planeta vermelho em um ambiente árido. A descoberta, publicada na revista Science Advances, aponta que a pulverização catódica, um processo resultante de choques entre partículas elétricas e a atmosfera marciana, foi o principal responsável pela desintegração da água no planeta. Essa mudança ocorreu há bilhões de anos, quando a atividade solar era significativamente mais intensa.
Os cientistas explicam que, no início da história de Marte, a perda do campo magnético expôs a atmosfera a ventos e tempestades solares, levando à degradação de sua composição. Com a atmosfera se desgastando, a água líquida tornou-se instável na superfície e começou a escapar para o espaço. Shannon Curry, pesquisador principal do estudo, compara o processo a uma bola de canhão atingindo a água de uma piscina, onde os íons pesados colidem rapidamente com a atmosfera, dispersando átomos e moléculas.
Embora já houvesse indícios da pulverização catódica, a equipe da Nasa conseguiu observar o fenômeno diretamente pela primeira vez, utilizando três instrumentos a bordo da espaçonave Maven. As medições foram feitas em condições específicas, tanto no lado diurno quanto noturno do planeta, permitindo a criação de um novo mapa do argônio disperso em relação ao vento solar. Os resultados indicam que o processo ocorre quatro vezes mais rapidamente do que se pensava anteriormente e é intensificado durante tempestades solares.