Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e outras instituições alerta para o potencial aumento da Doença de Chagas devido às mudanças climáticas. Publicado na revista Medical and Veterinary Entomology, a pesquisa indica que o aquecimento global pode facilitar a expansão dos barbeiros, vetores da doença, para novas áreas da Amazônia. As frequentes secas e enchentes, além do desmatamento, alteram o ecossistema e podem reverter os avanços no controle da enfermidade.
A Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente pelos barbeiros, é endêmica na América Latina e historicamente associada a áreas rurais e populações em condições precárias. Apesar de o Brasil ter recebido, em 2006, a certificação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) pela interrupção da transmissão vetorial, a doença continua a ser um desafio de saúde pública, especialmente em regiões vulneráveis.
O estudo analisou mais de 11 mil registros de 55 espécies de barbeiros, utilizando modelagem de nicho ecológico para prever o deslocamento desses vetores até 2080 sob diferentes cenários climáticos. Os resultados indicam que a interação entre a exploração humana do ambiente e as mudanças climáticas pode resultar na emergência da Doença de Chagas em áreas anteriormente livres da enfermidade, exigindo ações preventivas e educativas para mitigar os riscos associados.