Os habitantes da Amazônia enfrentam os impactos severos das mudanças climáticas, que afetam tanto o regime de chuvas quanto os níveis dos rios na região. Fenômenos extremos, como secas intensas e cheias recordes, têm se tornado cada vez mais frequentes na maior bacia hidrográfica do mundo. O Rio Negro, que atravessa Manaus, é monitorado há 123 anos e, das dez maiores cheias registradas, sete ocorreram nos últimos 17 anos, sendo a mais significativa em 2021, quando o nível das águas atingiu 30,2 metros.
Nos últimos anos, a Amazônia tem experimentado contrastes extremos, com o Rio Negro alcançando os níveis mais baixos já registrados durante o período de seca em 2023 e 2024, após duas das maiores cheias. A rápida erosão da faixa de areia no porto de Manaus é um reflexo dessas mudanças. Em 2025, o rio ultrapassou a cota de inundação severa de 29 metros, evidenciando a gravidade da situação.
De acordo com André Martinelli, pesquisador em geociências do Serviço Geológico do Brasil, outros rios da região, como Japurá, Juruá, Purus e Solimões, também têm registrado quebras de recordes. Ele alerta que a frequência e a amplitude das variações nos níveis dos rios podem se intensificar nos próximos anos, impactando ainda mais a população local. Renato Sena, do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), destaca que a mudança climática no regime de chuvas é evidente e que a reversão desse processo pode levar décadas ou até séculos.
Os especialistas enfatizam a necessidade urgente de investimentos em pesquisa para entender melhor esses fenômenos e desenvolver ações que minimizem os impactos das mudanças climáticas na região amazônica.