O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que a Polícia Militar (PM) está tentando despejar 500 famílias que ocuparam a Fazenda São Cristóvão, localizada em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, na madrugada desta quinta-feira (24). A propriedade, segundo o MST, pertence ao Grupo Othon e está arrendada a uma cooperativa de produção de açúcar, mas alega que a terra é improdutiva e pede a aceleração da reforma agrária.
De acordo com Mateus Santos, dirigente do MST no Rio de Janeiro, a ação da polícia é considerada arbitrária, uma vez que não há ordem judicial para reintegração de posse. Santos destacou que a PM está utilizando um interdito proibitório para justificar a ação, mesmo sem manifestação dos proprietários. "A polícia está nos tensionando, querendo fazer nosso despejo com base no interdito", afirmou.
A ocupação da Fazenda São Cristóvão faz parte da Jornada Nacional da Semana Camponesa, que coincide com o Dia Internacional da Agricultura Familiar, celebrado na sexta-feira (25). O MST reivindica avanços na desapropriação de terras improdutivas, conforme previsto no artigo 184 da Constituição Federal. Na quarta-feira (23), o movimento realizou atos em 22 capitais do país, incluindo a ocupação da sede do Incra em São Paulo.
O governo federal lançou, no ano passado, o programa Terra da Gente, com a meta de acelerar a reforma agrária e estruturar assentamentos. Desde 2023, mais de 17 mil lotes foram destinados a assentamentos tradicionais, com a previsão de que até o fim de 2026, 60 mil famílias sejam assentadas em novos lotes.