O Ministério Público do Amazonas solicitou à Justiça a prisão preventiva de quatro policiais militares e um guarda municipal suspeitos de múltiplos estupros contra uma mulher da etnia kokama, ocorridos enquanto ela estava detida na delegacia de Santo Antônio do Içá. O pedido, protocolado na tarde desta sexta-feira (25), visa garantir a ordem pública, proteger a vítima e evitar interferências nas investigações. Os crimes teriam acontecido entre novembro de 2022 e agosto de 2023, quando a indígena, de 29 anos, estava presa em condições inadequadas, ao lado de homens, até ser transferida para Manaus.
De acordo com o MP, a mulher relatou que os abusos sexuais eram recorrentes e frequentemente realizados de forma coletiva. Em depoimento, ela confirmou ter sido submetida a humilhações e torturas, além de ser privada de assistência médica e psicológica. A situação se agravou quando, já em Manaus, policiais foram à casa de sua mãe para intimidá-la. A procuradora-geral de Justiça, Leda Mara Nascimento Albuquerque, classificou o caso como de extrema gravidade, exigindo uma resposta firme do Estado.
A Polícia Militar do Amazonas anunciou que indiciará os policiais envolvidos e que as investigações estão em fase final. A Defensoria Pública do Amazonas informou que já prestou 65 atendimentos à vítima desde que a denúncia chegou ao órgão em 28 de agosto de 2023. A mulher, que cumpre pena de 16 anos e sete meses por envolvimento em um assassinato, não havia denunciado os abusos anteriormente por medo de represálias. A Funai também solicitou o afastamento dos policiais e a adoção de medidas de proteção à vítima.