O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira, 21, a abertura de um inquérito da Polícia Federal para investigar suspeitas de uso de informações privilegiadas em operações de câmbio que resultaram em lucros de 25% a 50% no dia em que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas comerciais contra o Brasil. A decisão foi tomada após um pedido do advogado-geral da União, Jorge Messias, que apresentou indícios de transações significativas realizadas horas antes do anúncio oficial.
O inquérito, autuado como petição autônoma e sigilosa, será relatado por Moraes, que já conduz investigações relacionadas ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A AGU destacou que investidores teriam obtido lucros expressivos em operações de câmbio antes e depois do anúncio das tarifas, sugerindo a possível utilização de informações privilegiadas por pessoas ou entidades com acesso indevido a dados econômicos relevantes.
Segundo relatos, houve um aumento abrupto na cotação do dólar no dia 9 de julho, com transações que movimentaram entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões antes do anúncio de Trump, que ocorreu às 16h17. A AGU também solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sejam informadas sobre as transações, visando a apuração de possíveis irregularidades. O caso levanta questões sobre a relação entre as decisões econômicas dos EUA e a política brasileira, especialmente no contexto das tensões entre o governo e o ex-presidente Jair Bolsonaro.