O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de um novo inquérito para investigar possíveis casos de informação privilegiada relacionados ao tarifaço anunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em julho. A decisão, tomada nesta segunda-feira (21), atende a um pedido da Advocacia Geral da União (AGU) e visa apurar operações suspeitas no mercado de câmbio no dia do anúncio, que impactou diretamente a relação entre o dólar e o real.
A investigação será conduzida pela Polícia Federal e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com foco em identificar investidores que possam ter se beneficiado da situação. Moraes também encaminhou o caso à Procuradoria Geral da República (PGR), vinculando-o a um inquérito já existente que investiga o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por possíveis atentados à soberania nacional.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), solicitou ao Banco Central a divulgação dos nomes dos investidores que realizaram transações de compra de dólar no dia do anúncio de Trump. Farias destacou que é essencial verificar quem são esses investidores, tanto no Brasil quanto no exterior, já que as transações ocorreram com base na cotação do real em relação ao dólar.
Reportagens indicam que houve um movimento atípico de compra e venda de dólares no dia 9 de julho, com operações que levantaram suspeitas de manipulação do mercado. Especialistas apontam que alguém adquiriu entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões em dólares horas antes do anúncio, vendendo a quantia logo após, o que gerou um lucro significativo. A situação levanta questões sobre a possibilidade de envolvimento de assessores de Trump, que têm laços com o mercado financeiro, e pode ter implicações políticas para Jair Bolsonaro e seu círculo próximo.