A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, fez críticas contundentes ao silêncio de grupos contrários ao aborto legal em relação a casos de abuso sexual. A declaração foi dada em entrevista à revista Veja, publicada na sexta-feira (18 de julho de 2025). Evaristo destacou que muitos se opõem ao aborto, mas permanecem em silêncio diante de abusadores que frequentemente estão no ambiente familiar.
Em sua fala, Evaristo enfatizou que o Estado brasileiro deve ser laico e priorizar a dignidade humana acima de crenças religiosas. Ela argumentou que questões morais, embora atrativas em campanhas eleitorais, não oferecem soluções sustentáveis a longo prazo. Além disso, a ministra relacionou a intolerância contra a população LGBTI à legitimação da violência, ressaltando que a desumanização de grupos leva a assassinatos cruéis, especialmente de pessoas trans.
A ministra também se posicionou contra o endurecimento das leis penais e o armamento da população, defendendo que o foco deve ser na prevenção e na melhoria da qualidade de vida, em vez de políticas repressivas. Evaristo criticou a contradição de discursos que apoiam a morte de criminosos, mas defendem a ressocialização quando se trata de familiares.
Por fim, Evaristo abordou a necessidade de regulação das redes sociais, afirmando que a misoginia e o racismo são monetizados por grupos que lucram com a violência. Ela alertou para o agravamento da violência digital, como a sexualização precoce e a pornografia infantil, e defendeu a criação de legislação que limite esses abusos sem cercear a educação e a cultura digital. A ministra também se manifestou contra propostas de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, afirmando que a anistia deve ser para as vítimas de regimes autoritários, e não para aqueles que atentaram contra a democracia.