A ministra do Trabalho e Segurança Social de Cuba, Marta Elena Feitó, renunciou ao cargo na última segunda-feira (14) após declarações controversas durante uma sessão parlamentar televisionada, onde afirmou que "não há mendigos em Cuba", mas sim pessoas "disfarçadas de mendigos". A fala gerou forte repercussão social e política, evidenciando o descompasso entre o discurso oficial e a realidade enfrentada pela população cubana.
A saída de Feitó foi aceita pelas "mais altas autoridades do Partido Comunista de Cuba", que criticaram a falta de sensibilidade e objetividade nas suas declarações. Durante a sessão, a ministra tentou defender os programas sociais do governo, mas minimizou a realidade de pessoas em situação de rua e de vulnerabilidade alimentar, o que gerou reações negativas nas redes sociais e entre especialistas.
O presidente Miguel Díaz-Canel, em resposta à polêmica, interrompeu a agenda do Parlamento para criticar publicamente a ministra, enfatizando a necessidade de estar conectado com a realidade social do país. Ele reconheceu a existência de cidadãos em "situação de vulnerabilidade", distanciando o governo das declarações da ex-ministra.
Cuba enfrenta atualmente uma grave crise econômica, com inflação acumulada de 190,7% entre 2018 e 2023, escassez de alimentos e medicamentos, além de racionamentos de combustível. Dados oficiais indicam que cerca de 350 mil pessoas vivem em situação vulnerável, refletindo um aumento visível da população em situação de rua nas principais cidades, algo que o regime historicamente minimizou.