O Ministério da Educação (MEC) autorizou recentemente a criação de cursos de graduação em psicanálise, uma decisão que levanta preocupações entre especialistas da área. A crítica central é que a formalização da psicanálise em um formato de graduação pode institucionalizar e padronizar uma formação que, por sua essência, deve ser singular e contínua. A psicanálise é descrita como uma travessia ética, marcada pela incompletude e pela necessidade de constante reinvenção.
Os profissionais alertam que a escolha de uma instituição para estudar psicanálise deve considerar se o curso respeita a dimensão ética e permanente da formação. Promessas de aprendizado rápido e certificados automáticos são vistas como ameaças ao compromisso real com o processo analítico. A verdadeira formação não se resume a um diploma, mas sim a uma jornada de escuta e responsabilidade ética diante da complexidade do inconsciente.
Além disso, a psicanálise é considerada uma prática de resistência à mercantilização do saber, que transforma o conhecimento em mercadoria e o sujeito em consumidor. Para aqueles que desejam seguir o caminho da formação analítica, o desafio reside em aceitar a incerteza e a dedicação que esse percurso exige, mantendo o compromisso com o estudo contínuo e a ética da falta.