O presidente argentino Javier Milei tem demonstrado crescente hostilidade em relação à imprensa, intensificando seus ataques verbais e denúncias criminais contra jornalistas. Nos últimos meses, Milei se referiu a comunicadores como "merda", "lixo humano" e "prostitutas dos políticos", utilizando suas redes sociais para amplificar esses insultos, que têm sido ecoados por seus seguidores. A situação se agrava com a proximidade das eleições legislativas, previstas para outubro, quando o presidente busca expandir sua base parlamentar.
Desde o início de seu mandato, Milei já denunciou oito jornalistas por "calúnia e injúria", com duas dessas queixas sendo arquivadas pela Justiça. Uma investigação do jornal La Nación revelou que o presidente proferiu 410 ataques à imprensa em seu primeiro ano de governo, mencionando mais de 60 jornalistas. Em resposta às críticas, Milei defende que suas reações são uma resposta a um suposto comportamento sistemático de desinformação por parte da mídia.
O cientista político Gustavo Marangoni destaca que a relação conflituosa com a imprensa é uma estratégia central do governo Milei, que busca dominar a narrativa pública. Analistas apontam que os ataques visam neutralizar vozes moderadas e consolidar o apoio de seu eleitorado, enquanto desvia a atenção de questões críticas, como a gestão econômica e a luta contra a inflação. A situação se torna ainda mais delicada à medida que o governo enfrenta desafios significativos em sua administração.
Entre os jornalistas atacados, destaca-se Julia Mengolini, que foi alvo de insultos após fazer uma declaração polêmica sobre Milei e sua irmã. A crescente tensão entre o governo e a imprensa levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e a segurança dos jornalistas na Argentina, em um contexto onde a polarização política se intensifica.