O presidente argentino Javier Milei tem intensificado suas hostilidades contra a imprensa, utilizando insultos e denúncias criminais como parte de sua estratégia política. Nos últimos meses, Milei dirigiu ofensas a diversos jornalistas, chamando-os de "merda", "lixo humano" e "prostitutas dos políticos", em discursos e redes sociais, onde seus seguidores amplificam essas mensagens. Desde o início de seu mandato, ele já denunciou oito jornalistas por "calúnia e injúria", com duas queixas já arquivadas pela Justiça.
Uma investigação do jornal La Nación revelou que, durante o primeiro ano de presidência de Milei, houve 410 ataques à imprensa, com mais de 60 comunicadores citados nominalmente. O presidente defende suas ações como uma resposta às críticas que recebe, afirmando que muitos jornalistas não são verdadeiros profissionais, mas sim "mentirosos". Em suas redes sociais, ele promove o lema "Não odiamos suficientemente os jornalistas", que se tornou um símbolo de sua retórica contra a mídia.
Analistas políticos, como Gustavo Marangoni e Hugo Alconada Mon, destacam que a disputa com a imprensa é central para a estratégia de Milei, que busca dominar a narrativa pública e consolidar seu apoio entre eleitores. A polarização gerada pelos ataques aos jornalistas pode desviar a atenção de questões críticas, como a gestão econômica e a luta contra a inflação, que têm gerado incertezas sobre a capacidade do governo de manter a confiança pública.
Além disso, Milei enfrenta desafios em sua base parlamentar, que ainda é pequena em comparação com sua popularidade pessoal, que gira em torno de 40%. Com as eleições legislativas se aproximando, os ataques à imprensa podem servir para reforçar sua imagem como representante da antipolítica, enquanto busca ampliar sua influência no Congresso.