O presidente da Argentina, Javier Milei, classificou sua vice-presidente, Victoria Villarruel, como "traidora" após o Senado aprovar, nesta quinta-feira (10), dois projetos que aumentam em 7,2% as aposentadorias e prorrogam uma moratória para aposentadoria de cidadãos sem tempo mínimo de contribuição. A votação, que ocorreu em uma sessão em que Villarruel estava presente, representa uma derrota política significativa para o governo de Milei.
Durante um discurso, Milei expressou seu descontentamento, afirmando: "Fizemos 2.500 reformas estruturais… com apenas 15% da Câmara, sete senadores e uma traidora", segundo o jornal La Nación. A aprovação das medidas acirrou ainda mais a tensão entre o presidente e sua vice, que já apresentava divergências em temas centrais da agenda política desde o início do governo.
Contrário às propostas, Milei anunciou que pretende vetar os pacotes aprovados e não descartou levar a questão à Justiça caso o Congresso derrube seu veto. Ele argumentou que a moratória, que permite aposentadorias a cidadãos sem o tempo mínimo de contribuição, poderia comprometer a estabilidade fiscal em um contexto de ajuste das contas públicas.
A crise entre Milei e Villarruel se intensificou nas redes sociais, com a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, exigindo publicamente que a vice deixasse o plenário. Villarruel, que tem uma trajetória militar, já divergiu do presidente em questões sensíveis, como a memória da ditadura argentina, e suas diferenças com Milei se tornaram mais evidentes ao longo de 2024, quando o presidente criticou sua falta de participação nas decisões do governo.