Em um dia marcado pela expectativa em relação ao embate comercial com os Estados Unidos, os investidores brasileiros operaram em compasso de espera nesta terça-feira, 22. A curva a termo registrou queda em todos os vértices, impulsionada pelo alívio nos rendimentos dos Treasuries, apesar da ausência de indicadores econômicos relevantes na agenda doméstica, exceto pelo Relatório Trimestral de Receitas e Despesas, que apresentou um cenário fiscal menos conservador do que o esperado.
Após o fechamento dos negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 caiu de 14,954% para uma mínima intradia de 14,945%. O DI de janeiro de 2027 também recuou, passando de 14,31% para 14,250%. A tendência de queda se estendeu até os contratos mais longos, com o DI de janeiro de 2031 diminuindo de 13,79% para 13,680%.
Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, as taxas locais estão seguindo um movimento global, refletindo a queda nas curvas de juros em outros países. "Com o Congresso esvaziado e a expectativa de retaliações ou acordos com os EUA, o DI acompanha os Treasuries", afirmou Sanchez. Ele destacou que a volatilidade permanece alta, com o mercado atento às declarações de autoridades americanas, especialmente do presidente Donald Trump, que criticou o chefe do Fed e sugeriu uma redução significativa na taxa de juros nos EUA.
No cenário doméstico, o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro trimestre, publicado pelos ministérios da Fazenda e Planejamento, revelou um bloqueio de R$ 10,7 bilhões em despesas, com contingenciamento zero de receitas. Apesar da redução na contenção total do Orçamento, que passou de R$ 31,3 bilhões para R$ 10,7 bilhões, os dados não impactaram a curva de juros local.