A poucos dias da implementação da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o mercado financeiro demonstra preocupação com a falta de um acordo entre os governos. Na sexta-feira, 25, a curva de juros apresentou leve abertura, especialmente nos vértices intermediários, refletindo a percepção de que as negociações estão estagnadas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de julho, divulgado hoje, teve impacto limitado nas operações, enquanto as taxas mais curtas mantiveram-se estáveis, com a expectativa de que a Selic permaneça em 15% até o final do ano.
Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mostraram oscilações sutis, com o DI de janeiro de 2026 ajustando de 14,939% para 14,930%. O gerente de tesouraria do banco Daycoval, Otávio Oliveira da Silva, destacou que a leve piora na curva a termo é resultado da antecipação do mercado em relação à possibilidade de não haver acordo sobre a tarifa. "As tarifas mais salgadas estão se desenhando", afirmou Silva, referindo-se à urgência das negociações que envolvem o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Durante uma cerimônia em Osasco (SP), o presidente Lula revelou que Alckmin tem buscado contato com representantes do governo americano, mas sem sucesso. A Casa Branca deve assinar uma ordem executiva na próxima semana para justificar a tarifa, enquanto autoridades afirmam que o Brasil não tem feito propostas atrativas. O economista-chefe do Barclays, Roberto Secemski, observou que a tensão nas comunicações diplomáticas entre os dois países aumenta as incertezas sobre o futuro das tarifas, que podem variar desde uma prorrogação das negociações até a imposição total das tarifas na próxima semana.