Em meio ao envelhecimento populacional e à baixa natalidade, o mercado de seguros Property & Casualty (P&C) no Brasil está passando por uma transformação significativa. Um relatório da Capgemini revela que 49% dos brasileiros planejam aumentar seus gastos com melhorias no estilo de vida, superando a média global de 45%. Gustavo Leança, diretor de Seguros da consultoria, destaca que essa mudança reflete uma crescente preocupação dos consumidores com o bem-estar e a qualidade de vida.
O estudo, que entrevistou 5.016 consumidores e 273 executivos globalmente, aponta que a urbanização no Brasil deve atingir 92% até 2050, trazendo novos desafios para a precificação de riscos. Além disso, 89% das seguradoras brasileiras consideram a integração de dados climáticos uma prioridade, dada a frequência crescente de eventos extremos. Leança observa que algumas áreas podem se tornar 'inseguráveis' devido aos altos custos de cobertura.
Outro aspecto importante do relatório é a tendência de 'hiperpersonalização' na avaliação de riscos, com 46% das seguradoras priorizando uma modelagem mais detalhada. Apesar de 45% dos brasileiros não planejarem comprar ou reformar suas casas, o estudo indica que a desigualdade e o déficit habitacional limitam a mobilidade residencial no país. O relatório também sugere a necessidade de seguros multigeracionais, adaptados para famílias que vivem juntas.
Apesar da urgência em inovar, apenas 14% dos executivos brasileiros se consideram bem-posicionados em termos de desenvolvimento de novos produtos, em comparação com a média global de 35%. Leança ressalta que, embora a distribuição de seguros no Brasil seja sólida, há espaço para melhorias, especialmente na experiência do cliente e nos processos digitais.