Nesta sexta-feira, 7 de julho de 2023, a curva de juros brasileira apresentou leve avanço, refletindo um dia de baixa liquidez devido ao feriado de Independência nos Estados Unidos, que fechou os mercados no país. O foco dos investidores estava voltado para a disputa entre o Executivo e o Legislativo sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), após o Congresso derrubar um decreto do governo Lula que aumentava as alíquotas do tributo. Em resposta, a Advocacia Geral da União (AGU) protocolou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a decisão dos parlamentares.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, suspendeu os efeitos dos decretos e convocou uma audiência de conciliação entre líderes do Executivo e Legislativo para o dia 15 de julho. Ao final do pregão, a taxa do Contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 subiu de 14,915% para 14,925%, enquanto o DI de janeiro de 2027 passou de 14,134% para 14,185%. O DI de janeiro de 2028 também registrou alta, indo de 13,346% para 13,400%.
Carlos Lopes, economista do BV, destacou que a falta de referências externas resultou em um movimento modesto na curva de juros, com a incerteza local em torno do IOF. Ele observou que os recentes eventos simbolizam as dificuldades do governo em avançar em sua estratégia fiscal, com desafios para obter novas receitas e encontrar apoio político para cortes de gastos. Apesar do leve aumento observado, a curva de juros apresentou queda ao longo da semana, impulsionada por dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que indicaram a criação de 148.992 vagas formais em maio, abaixo das expectativas do mercado.
A consultoria Buyside Brazil também ressaltou que os cenários político e fiscal foram temas centrais na semana, com especulações sobre uma possível negociação entre a Presidência e o Congresso. Rumores sugerem que o presidente Lula poderia aceitar um aumento no número de deputados em troca da aprovação de cortes de subsídios. Além disso, o mercado acompanhou discussões sobre o relatório preliminar da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 e mudanças no crédito habitacional, que devem aumentar os recursos anuais para o setor em R$ 7,5 bilhões neste e no próximo ano.