Três médicos poloneses foram condenados nesta quinta-feira (17) à prisão por negligência na decisão sobre a realização de um aborto em uma mulher grávida, que faleceu devido a complicações. A paciente, de 30 anos e com 22 semanas de gestação, morreu em setembro de 2021, em um hospital em Pszczyna, após sofrer choque séptico. Sua morte ocorreu um ano após a proibição da interrupção voluntária da gravidez (IVG) em casos de malformação fetal grave, imposta pelo Tribunal Constitucional do país.
A legislação polonesa permite abortos apenas em casos de estupro, incesto ou risco à vida da mãe, mas é considerada tão restritiva que gera hesitação entre os profissionais de saúde. Os três médicos foram considerados culpados, com dois deles recebendo penas superiores a um ano de prisão e o terceiro, um ano com pena suspensa. Além disso, todos foram proibidos de exercer a medicina por um período de quatro a seis anos, conforme informou a advogada da família, Jolanta Budzowska.
A morte da jovem gestante provocou protestos em todo o território polonês, evidenciando a insatisfação popular com as rígidas leis de saúde reprodutiva. Em 2024, apenas 896 abortos foram realizados na Polônia, que possui uma população de 38 milhões de habitantes, enquanto a rede Aborto sem Fronteiras afirmou ter auxiliado 47 mil pessoas a acessar a IVG no mesmo ano.