Em 16 de julho de 1950, o Uruguai conquistou seu segundo título da Copa do Mundo ao vencer o Brasil por 2 a 1, em uma virada histórica no Maracanã, no Rio de Janeiro. Com mais de 170 mil torcedores presentes, os gols de Schiaffino e Ghiggia silenciaram a multidão, transformando a partida em um dos episódios mais amargos da história do futebol nacional, conhecido como Maracanazo. Este ano, o evento completa 75 anos, reavivando as memórias de um trauma que ainda ressoa entre os torcedores brasileiros.
A derrota teve um impacto profundo na psique do torcedor brasileiro, que só conseguiu amenizar a dor com as conquistas das Copas de 1958, 1962 e 1970. O goleiro Barbosa, que sofreu críticas severas após a partida, e o atacante Bigode, também apontado como responsável pela derrota, carregaram o peso do fracasso. O jornalista Mário Filho, em sua obra "O Negro no Futebol Brasileiro", destacou como o racismo se intensificou após a derrota, com Barbosa e outros jogadores negros sendo injustamente culpabilizados.
Alcides Ghiggia, autor do gol da vitória uruguaia, faleceu em 2015, mas seu legado permanece na cultura brasileira, sendo lembrado até em programas de televisão. O impacto do Maracanazo reverberou ao longo das décadas, culminando em outra derrota traumática para o Brasil: a goleada por 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Este novo "Maracanazo" expôs as deficiências do futebol brasileiro em relação às evoluções táticas globais, gerando reflexões sobre o futuro do esporte no país.