O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou um artigo em diversos jornais internacionais, incluindo Le Monde e The Guardian, abordando a crise do multilateralismo em meio à recente imposição de tarifas ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No texto, intitulado "Não há alternativa ao multilateralismo", Lula critica a Organização Mundial do Comércio (OMC) e afirma que o sistema comercial global está ameaçado pela "lei do mais forte".
Lula destaca que a ordem internacional, estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, não reflete as novas forças e desafios contemporâneos. O artigo, que reflete a visão da equipe do assessor Celso Amorim, sugere que a solução para a crise do multilateralismo reside em uma reforma que promova bases mais justas e inclusivas. No entanto, analistas apontam que o texto não menciona o papel de potências como Rússia e China na atual dinâmica internacional.
Especialistas, como o professor Vinicius Rodrigues Vieira, criticam a falta de uma abordagem mais incisiva em relação a essas potências, que também fazem parte do Conselho de Segurança da ONU. Vieira argumenta que a omissão pode prejudicar a credibilidade do Brasil na busca por uma nova ordem global. Por outro lado, o professor Vitelio Brustolin observa uma desconexão entre o discurso de Lula e suas práticas, especialmente em relação a regimes autoritários.
O artigo de Lula, ao abordar a crise do multilateralismo, levanta questões sobre a eficácia das organizações internacionais e a necessidade de adaptação às realidades atuais, mas também suscita debates sobre a postura do Brasil frente a potências que não demonstram interesse em reformar o sistema global.