O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou, na quinta-feira (10), sua posição sobre a aplicação da Lei de Reciprocidade em resposta às tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista ao Jornal da Record, Lula afirmou que o Brasil tem diversas opções, incluindo recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e propor investigações internacionais, mas destacou que a principal medida será a reciprocidade nas tarifas. 'Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele', declarou.
Lula classificou a carta de Trump, que anunciou a imposição das tarifas, como 'absurda' e criticou o uso de redes sociais para comunicar decisões a chefes de Estado. Ele enfatizou que cabe ao Legislativo e ao Judiciário brasileiros a responsabilidade de estabelecer e cumprir as leis do país. Além disso, o presidente anunciou a criação de um comitê de emergência com empresários para revisar a política comercial do Brasil com os EUA.
O presidente também contestou a justificativa de Trump sobre um suposto déficit comercial do Brasil em relação aos Estados Unidos, afirmando que, em 2023, o Brasil exportou US$ 40 bilhões e importou US$ 47 bilhões, resultando em um déficit de US$ 7 bilhões. Lula ressaltou que, ao longo dos últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit de US$ 410 bilhões com os americanos, questionando se o Tesouro dos EUA havia informado corretamente Trump antes da elaboração da carta. 'Se ele conhecesse um pouco do Brasil, teria mais respeito', concluiu Lula, lembrando a longa relação diplomática entre os dois países.