O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta sexta-feira (11), o pagamento de R$ 3,7 bilhões em indenizações a 35,5 mil trabalhadores, incluindo 22 mil pescadores e 13,5 mil agricultores de Minas Gerais e Espírito Santo, afetados pelo rompimento da barragem da Samarco, Vale e BHP, em Mariana, há dez anos. Os beneficiários receberão um cartão de transferência de renda que garante um salário mínimo e meio por 36 meses, seguido de um salário mínimo por mais 12 meses.
Durante a cerimônia realizada em Linhares (ES), Lula destacou que o governo conseguiu, em dois anos, o que não foi alcançado em oito anos anteriores, ao negociar a reparação com a Vale. "Não aceitávamos a ideia de que a Vale não fizesse a reparação", afirmou o presidente. O Novo Acordo do Rio Doce, que prevê um total de R$ 170 bilhões em reparações até outubro de 2024, já conta com R$ 38 bilhões em execução.
A agricultora Ana Paula Ramos, da Associação de Mulheres do Cacau, expressou sua gratidão pelo pagamento, mas lamentou a contaminação do solo e da água que impede a prática da agricultura e da pesca na região. "É muito triste. A gente sofreu uma violência muito grande", disse ela. Heider José Boza, representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também agradeceu ao governo, mas ressaltou a necessidade de incluir mais pessoas no acordo, especialmente agricultores familiares que ainda não foram reconhecidos.
A tragédia de Mariana, considerada a maior catástrofe ambiental do Brasil, completa dez anos em novembro, sem que ninguém tenha sido condenado ou preso pelo incidente. O Ministério Público recorreu da absolvição dos réus e das empresas acusadas de crimes ambientais, que ainda aguardam desfechos judiciais.