A obra de Charles Darwin, naturalista britânico, revolucionou a compreensão da evolução pela seleção natural, mas suas contribuições à botânica são frequentemente subestimadas. Segundo a pesquisadora Carolina Ferreira, especialista em biologia reprodutiva de plantas, Darwin não apenas observou a fauna durante sua famosa viagem no HMS Beagle, mas também se dedicou ao estudo das plantas, coletando espécimes que se tornaram fundamentais para a flora das Ilhas Galápagos.
Desde a infância, Darwin foi influenciado por um ambiente familiar que valorizava a observação da natureza, especialmente por meio de seu avô, Erasmus Darwin. Durante sua formação em Cambridge, ele teve aulas com o botânico John Stevens Henslow, que o incentivou a embarcar na expedição que mudaria sua vida. Ao retornar à Inglaterra, Darwin utilizou seu jardim como um laboratório ao ar livre, onde testou hipóteses sobre a polinização e a diversidade das plantas, contribuindo para as ideias que seriam apresentadas em sua obra seminal, 'A Origem das Espécies'.
Um exemplo notável de sua pesquisa botânica é a predição de uma mariposa polinizadora para a orquídea Angraecum sesquipedale, cuja nectário possui quase 30 centímetros. Embora sua hipótese tenha sido inicialmente ridicularizada, a descoberta da mariposa, chamada Xanthopan praedicta, décadas depois, confirmou a capacidade preditiva da teoria da evolução. Para Carolina Ferreira, a obra de Darwin demonstrou que a diversidade nas formas e cores das flores é resultado da seleção natural, um princípio que fundamenta a botânica moderna.