Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (11), o economista e Prêmio Nobel Paul Krugman criticou a decisão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Segundo Krugman, essa medida foi uma reação política à decisão do Brasil de julgar Jair Bolsonaro, a quem Trump considera um aliado. "O Brasil teve a ousadia de insistir em julgar Bolsonaro, que Trump claramente enxerga como um espírito afim", afirmou.
Krugman, que já havia abordado o tema em um artigo anterior, descreveu a ação de Trump como "megalomaníaca e maligno", caracterizando-a como um "programa de proteção a ditadores". Ele argumentou que a imposição de tarifas por motivos políticos, e não comerciais, seria suficiente para um impeachment em uma democracia funcional. O economista também reafirmou sua visão de Bolsonaro como um "aspirante a ditador" por tentar contestar os resultados eleitorais.
Sobre os impactos econômicos da tarifa, Krugman reconheceu que produtos como suco de laranja, café e açúcar seriam afetados, mas ressaltou que esses itens representam apenas cerca de 2% do PIB brasileiro. Ele alertou que a medida prejudicaria também os consumidores americanos, que enfrentariam aumento de preços. Krugman sugeriu que o Brasil poderia adotar medidas de reciprocidade, considerando seu déficit comercial com os EUA e a possibilidade de explorar novos mercados. Além disso, ele destacou que a guerra comercial poderia enfraquecer a indústria americana e promover a integração entre economias emergentes, incluindo o Brasil.