Na quarta-feira (16), a Jurema Sagrada foi oficialmente reconhecida como patrimônio imaterial da Paraíba, uma conquista celebrada por seguidores e pesquisadores da religião. Eriberto de Carvalho Ribeiro, conhecido como Pai Beto de Xangô e presidente da Federação de Umbanda, Candomblé e Jurema (FCPumcanju), destacou a importância desse reconhecimento em um contexto de luta contra a intolerância religiosa. Ele enfatizou que a memória dos antepassados que enfrentaram discriminação deve ser honrada e que a luta contra o preconceito ainda é necessária.
A proposta de reconhecimento foi apresentada pela deputada estadual Cida Ramos (PT) e visa valorizar uma das expressões religiosas mais tradicionais do Nordeste. Segundo a parlamentar, o objetivo é promover o respeito e a preservação da Jurema Sagrada, especialmente nas comunidades de Alhandra e Conde, na Grande João Pessoa, onde a prática é mais forte. A deputada se reuniu com representantes da FCPumcanju em janeiro para discutir a elaboração do projeto de lei.
Pai Beto considera o reconhecimento um marco histórico para os praticantes das religiões afro-indígenas no estado. Ele ressaltou que a Jurema Sagrada, apesar de ser uma religião pouco compreendida e frequentemente discriminada, representa a resistência cultural e espiritual dos povos indígenas e afro-brasileiros. A cidade de Alhandra é reconhecida como o berço da Jurema no Nordeste, onde a tradição se mantém viva desde o século XVIII, apesar das dificuldades enfrentadas ao longo da história.